A transição de carreira pode ser uma das fases mais difíceis da vida de um profissional, mas será que você sabe identificá-la? Conto, neste artigo, como percebi as minhas (sim, no plural) e quais foram os caminhos e sentimentos nutridos nesta transformação.
Basta uma busca no Google para entender que a junção das palavras transição e carreira estão entre os maiores dilemas do mundo corporativo, independente da fase da vida que a pessoa esteja.
Lembro-me de ter pensado em transição de carreira (com esse nome!) só depois da faculdade, mas sei - e sinto - que passei por ela em várias fases da minha vida.
Aliás, hoje tenho certeza, de que passei sem saber que estava realmente passando. A minha primeira consciência dessa transição foi logo no primeiro emprego, quando trabalhei num jornal, na cidade onde morava, o qual eu gostava muito. Naquela época só pensava em trabalhar para pagar algumas contas de casa e minhas roupas para as apresentações do ballet. Era um bom lugar, com boas pessoas. Mas, uma outra oportunidade, para ganhar um pouco mais, me levou para o meu primeiro dilema: ficar onde gosto ou aceitar outra proposta apenas por dinheiro? E naquele momento, decidi por gerar caixa. E era o que precisava fazer.
Por isso que falar sobre transição de carreira é algo mais complicado do que parece ser. Ela depende muito do momento de cada um, e tudo isso precisa ser respeitado.
Tem uma frase, de uma amiga, que diz: as vezes precisamos fazer escolhas baseadas no que é importante para nós, e talvez naquele momento, o dinheiro pode ser o mais importante! E está tudo bem!
Na minha história, nenhum desses empregos anteriores estava ligado ao que faço hoje e trocá-los não foi tão difícil, foi apenas acontecendo. Já na faculdade de psicologia, meu coração batia mais forte para a Psicologia Organizacional e isso foi me norteando para as futuras escolhas.
Entre as que considero mais difíceis, estava a de fazer um ano sabático. Foi uma decisão muito séria, porém muito mais significativa. É quando você entende que: o rumo está certo, mas o caminho não. E só conseguimos mudar o caminho, parando e encarando-o de frente.
E foi assim:
Logo após um ano sabático, voltando para São Paulo, desempregada e vendo as economias diminuindo diariamente, fiz várias entrevistas almejando trabalhar na área de Recursos Humanos, afinal eram mais de 15 anos de experiência vividos. Todo dia uma entrevista nova, mas havia algo de estranho nessa busca. Percebia que toda vez que voltava das entrevistas, estava triste. E após alguns dias percebendo isso, refleti sobre o que eu realmente queria de verdade.
Foi aí que intencionei e intensifiquei a minha verdadeira mudança. Àquela que queria do fundo do meu coração. Larguei o objetivo de trabalhar em RH de empresas e mergulhei na busca por consultorias. Fiz várias entrevistas também, mas agora me sentia realizada. Foi quando surgiu a oportunidade de trabalhar numa grande consultoria de desenvolvimento organizacional, a AfferoLab, na qual fiquei por 3 anos. Foi uma grande escola de desenvolvimento, com muito aprendizado, na qual conheci muita gente boa, muitos processos, métodos e abordagens.
“E é aí que quero chegar: estava muito feliz e não tinha a intenção de fazer mudanças, mesmo assim, ela aconteceu.”
Em paralelo, iniciei um curso de quase 2 anos de Coaching e me apaixonei pela profissão. A cada encontro mergulhava mais fundo no que poderia ser minha prática profissional. E de fato, comecei a pensar em, efetivamente, fazer uma nova transição, agora mais emblemática, porque iria sair de algo que amava fazer para algo que aprendi a amar ainda mais. Olha o dilema aí de novo! Sendo assim, precisaria sair da consultoria para me dedicar a um novo empreendimento - a Eight. Projeto que já era presente em meus planos e que eu já vinha contribuindo colaborativamente.
Não foi uma decisão fácil, teria que trocar um trabalho que me dava o que todo mundo sonhava ter, como reconhecimento, bom salário e benefícios por um processo em desenvolvimento. E lembro, até hoje, como esse assunto me consumia.
Estava de férias quando decidi definitivamente sobre a transição da consultoria para Eight, uma rede colaborativa. E me recordo como se fosse hoje: com o pé na areia, na praia com meu marido, resolvi comunicá-lo da minha decisão de sair da Affero para me dedicar à Eight. E a reação dele não foi a que eu esperava, ou melhor, a que eu queria. E pior, os questionamentos dele foram pertinentes e isso me impactou como um “balde de água fria” na minha cabeça e principalmente nos meus planos.
Mas, ao voltar de férias e refletir muito sobre o assunto, eu não consegui desistir e resolvi ouvir meu coração (de novo!). Eu sabia, que ele dizia o que eu realmente queria e, que em comum acordo já estávamos decididos. Então, procurei um amigo consultor que me ajudou a estudar melhor sobre os planos e perspectivas do negócio. E fizemos um processo bem estruturado que me deixou mais segura para essa transição. E foi uma transição bem pensada, apoiada pelo marido, e impulsionada também pelas pessoas que estavam empreendendo o sonho coletivo, a Eight.
O que quero dizer é que, as vezes fazemos transições sem muitas intenções e só vamos reagindo aos tropeços e promessas. Mas, muitas vezes, já estamos dando sinais do que realmente queremos. E entendo que sempre que nos deparamos com esses dilemas devemos nos perguntar:
0 que eu alimento com essa mudança?
O que eu realmente desejo para buscar esse novo caminho?
O que a vida está me pedindo agora que não está presente na minha vida?
Qual a importância para mim, que eu não tenho nessa atividade profissional?
Então, refletir sobre isso, nos ajuda entender que nós que temos que decidir quais caminhos tomar na vida e não deixar que a vida decida por nós. Devemos ser protagonistas da nossa própria vida. Sempre!
Eu fiz várias transições ao longo da minha jornada, e que talvez nem tenha lembrado de todas aqui, mas entre tantas lembranças, algumas mais sutis outras mais marcantes, de um jeito ou de outro, todo processo de transição me ajudou a entender o que é mais importante para mim mesma. Isto é, cada decisão que tomamos para a carreira é, de fato, a que alimenta às nossas mais profundas necessidades. E não importam se elas são carências de sustentabilidade, de pertencimento ou ainda de desafios, mas sim de como você lida com elas. E entender que qualquer transição pode e deve ser muito bem cuidada. Não se perca no caminho, busque apoio e fique atento ao seu maior guia: seu coração!
Magali Lopes começou a trabalhar quando ainda era bem jovem, já foi ajudante de restaurante, diagramadora de jornais, atendente de loja de informática, vendedora de cursos de inglês. Ingressou em Recursos Humanos em grandes organizações e desenvolveu uma carreira de muito orgulho por mais de 15 anos, fez sua transição após um ano sabático e hoje atua como facilitadora de diálogos transformadores empreendendo a Eight.
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