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Do mundo das Finanças para o universo do Ser Humano

  • Foto do escritor: Erica Mizumoto
    Erica Mizumoto
  • 24 de fev. de 2021
  • 4 min de leitura

Transição de carreira e crise existencial, tudo junto e misturado

Por Erica Mizumoto

Meu primeiro emprego depois que me formei em Administração de Empresas foi no Banco Real. Tudo o que eu sabia sobre banco resumia-se a talão de cheques e poupança. Mas tive a sorte de entrar num programa de trainees já num cargo de gerente comercial na plataforma de clientes corporativos. Com a boa vontade dos colegas mais velhos para me ensinar, fui aos poucos aprendendo o que um banco podia oferecer em termos de produtos e serviços. Passei a gerenciar minha própria carteira de clientes, tinha metas e a carreira ia muito bem. Eu até havia entrado para um programa de desenvolvimento de futuros líderes do banco.


Um belo dia, acordei e o banco havia sido comprado pelo ABN Amro, um banco holandês. O dia a dia ficou bem complicado, muita ansiedade, muitas perguntas e poucas respostas. Na época eu era jovem e não tinha muita paciência. Paguei uma consultoria para me arrumar um novo emprego, de preferência no Citibank que era o banco mais almejado do mercado, mas... não deu em nada. Tive que baixar a cabeça e ficar onde eu estava. E foi a melhor coisa que me aconteceu. O leque de produtos e serviços de um banco global me colocavam num outro nível para falar com os clientes. Sem falar nas possibilidades de carreira e na cultura organizacional, que valorizava o ser humano. Quando me dei conta eu estava feliz e trabalhando no banco onde até quem era do Citibank queria estar! Passei a fazer planejamento e gestão de negócios para América Latina e viajava bastante pois minha gestora ficava em Nova Iorque. Recebi convite para trabalhar em Londres e fazer a gestão de negócios global e estava considerando a mudança quando recebi a notícia de que o banco havia sido comprado... de novo! Mas dessa vez foi diferente, pois o banco foi fatiado e vendido em pedaços. A experiência não foi boa e a nova cultura organizacional não conversava comigo.


Depois de 17 anos no mercado corporativo financeiro decidi sair. Apenas sair e fazer um sabático.

Eu precisava me desintoxicar dos últimos anos vividos no meio de tanta disputa e política corporativa.

Só tinha uma certeza: a que de não queria mais trabalhar fazendo o que eu fazia. A ideia que eu fazia de um sabático era de pessoas que viajavam pelo mundo, se divertiam e, quando encontravam a paz de espírito, também descobriam o que iriam fazer a seguir. Se esse foi o sabático de algumas pessoas, não foi o meu. OK, fiz muitas viagens sim, mas junto com o sabático vivi uma profunda crise existencial: Quem era eu depois de 17 anos vestindo o mesmo uniforme corporativo? Quem sou eu sem nenhum uniforme? Quem sou eu de verdade? O que eu quero fazer? Essas perguntas me perseguiram e as respostas não vinham. A única coisa que vinha era um desejo de trabalhar com desenvolvimento humano, onde eu também me desenvolvesse e que eu pudesse colocar minha bagagem de vida de alguma maneira a serviço das pessoas.

Mas eu nunca trabalhei em RH, como iria trabalhar com desenvolvimento humano?

Depois de 1 ano e meio de sabático eu não aguentava mais a minha própria indefinição. Tinha muito medo de dar o primeiro passo e descobrir que não era isso... Mas tomei coragem e me inscrevi numa formação de Coaching para ver se eu tinha as habilidades para isso. Amei! E a partir dali não parei mais. Comecei a atender mas senti a necessidade de me aprofundar e resolvi fazer outra formação em Coaching, uma mais extensa e parruda. Foi aí que tive o primeiro contato com a Antroposofia e com a Biografia Humana. Compreendi que eu havia vivido a famosa “crise existencial” dos 42 anos e estava tudo bem. Buscando mais aprofundamento no desenvolvimento humano (meu e no dos outros), me inscrevi na Formação de Aconselhadores Biográficos que devo terminar esse ano, depois de 4 longos anos... e assim vou trilhando meu caminho dentro dessa nova carreira.

Olhando agora para como vivenciei minha transição de carreira, vejo que, eu que trabalhava com planejamento, nunca planejei minha transição!

Ela aconteceu junto com uma crise existencial, onde tive que encarar muitos medos e sombras, me redescobrir e ter a coragem de dar o primeiro passo. Esse primeiro passo foi crucial pois ele trouxe as respostas que eu tanto buscava.


Agora em 2021 celebro 10 anos de transição de carreira e me sinto uma pessoa muito mais realizada, que vive com um propósito e se satisfaz com a conquista e evolução do outro ser humano. Tenho mais consciência de quem eu sou, das minhas habilidades e também dos meus pontos a desenvolver, das minhas sombras e da minha luz. A transição de carreira me fez uma pessoa melhor!


Erica Mizumoto é Coach, Cofundadora da Eight e dentro em breve será Aconselhadora Biográfica. Acredita que quando finalmente aprendemos a ouvir nosso coração e temos a coragem de dar o primeiro passo o caminho se ilumina e a partir daí a jornada flui naturalmente. Tudo na vida tem seu tempo e seu propósito e aprender a enxergar a vida e o ser humano dessa forma traz paz de espírito.

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