A Biografia Humana é o modelo de desenvolvimento humano da Antroposofia que parte do princípio de que todas as pessoas passam por um processo de transformação e evolução ao longo da vida.
Esse processo tem características e fenômenos típicos de cada fase ou setênio (ciclo de 7 anos) que todos nós vivenciamos, seja de forma mais intensa ou discreta. Nesse sentido, cada setênio tem seus próprios conteúdos, desafios e aprendizados que serão vivenciados e estarão a serviço do desenvolvimento do indivíduo.
No primeiro setênio (0 a 7 anos) a criança nasce e começa a interagir com o mundo e as pessoas. A criança explora e conhece o mundo através de brincadeiras e o brincar saudável é aquele que envolve a participação da criança. Através de histórias e contos de fadas a criança desenvolve a fantasia, a imaginação. Ao brincar com blocos de madeira ou desenhar livremente a criança desenvolve sua criatividade, inventa suas próprias histórias.
“O brincar é extremamente importante pois é ele que irá, mais tarde, incentivar a criatividade no trabalho. Quem aprendeu a brincar na primeira infância terá, mais tarde, mais alegria e criatividade em seu trabalho.”
Gudrun Burkhard
E assim essa criança vai crescendo, passa a frequentar uma escola, expande suas relações sociais, eventualmente fará um curso técnico ou graduação, vai trabalhar e buscar condições cada vez melhores para si e sua família.
Na vida adulta aumentam as responsabilidades e os desafios. O adulto executa multitarefas (ou pelo menos acha que consegue realizar várias atividades ao mesmo tempo).
Sua rotina é bombardeada de informações e praticamente não fica um minuto sem estar se informando sobre algo: dirige ouvindo um podcast, faz as refeições assistindo o noticiário, participa de uma reunião e ao mesmo tempo responde a diversas mensagens e quando finalmente se deita para descansar fica horas checando as mídias sociais.
Esse excesso de informação tem um nome: infoxication (Se quiser saber mais sobre o tema, veja o artigo Infoxication: o excesso de informações e seus impactos na saúde mental, escrito por Michele Crevelaro).
E como tudo isso afeta a nossa criatividade?
Com uma rotina totalmente preenchida por multitarefas e intoxicados por excesso de informação, como conseguimos ser criativos? A sensação que temos é que ao nos tornarmos adultos perdemos nosso poder criativo. A mente está cansada e poluída demais e não temos tempo para pensar em algo novo ou diferente. Você já teve essa sensação alguma vez?
O processo criativo não tem uma fórmula ou caminho definido, mas diversos estudos apontam que a Flexibilidade Cognitiva e a Associação de Ideias são fatores importantes desse processo.
A Flexibilidade Cognitiva diz respeito ao pensar flexível, ao fugir de padrões convencionais e considerar diferentes perspectivas e abordagens.
A Associação de Ideias é a capacidade de conectar ideias e conceitos aparentemente desconectados e assim gerar novas possibilidades.
A grande pergunta é: como uma pessoa multitarefas, com a mente cansada e poluída consegue ter flexibilidade cognitiva e fazer associação de ideias? Não é que não seja capaz, mas sim que não se encontra em condições de fazê-lo.
Como resgatar aquela criança que brincava de forma tão imaginativa e criativa?
A força criativa não desaparece quando nos tornamos adultos, mas dependendo da vida que levamos, ela fica adormecida. E para despertá-la precisamos preparar o terreno e criar as condições para que essa força volte a ter voz.
Atividades artísticas por exemplo, expandem nossa consciência e ajudam a nos reconectarmos com nossos recursos internos, ajudam a despertar nossa criatividade. Momentos de ócio, de pura contemplação, de silêncio interno podem nos ajudar a serenar e mente. A ideia é despoluir a mente para abrir espaço para a força criativa reaparecer.
“Resgatar a criança dentro de si faz bem para qualquer adulto.”
Gudrun Burkhard
Então, seja através de atividades artísticas (desenho, pintura, crochê, tricô, cerâmica, artesanato etc.) meditação ou um hobby que você tenha, o importante é serenar a mente, abrir espaço e dar condições para a força criativa emergir, assim como naquela criança que brincava com tanta imaginação. Resgatar a criança dentro de si é se permitir fazer diferente, trilhar caminhos ainda desconhecidos, explorar as possibilidades com curiosidade e ter leveza na vida.
E se quiser se aprofundar em cada um dos setênios e aprender sobre as fases da vida com base na Antroposofia, baixe o E-Book Fases da Vida: Descobrindo as Cores da Minha Biografia
Erica Mizumoto
Coach, Aconselhadora Biográfica e Estudante de Psicologia
Pinta mandalas em pontilhismo e pratica meditação para cultivar sua criatividade
Referências Bibliográficas:
Burkhard, Gudrun – (2000) “Tomar a Vida nas Próprias Mãos”, Ed. Antroposófica
Zomorodi, Manoush – TED TALK “How Boredom can Lead to your Most Brilliant Ideas” (https://youtu.be/c73Q8oQmwzo?si=vv-BKqDMyDF0AMfc)
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