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Foto do escritorKarina Colpaert

A roda de conversa é mais do que um simples encontro entre pessoas

Atualizado: 6 de mai.

 

A roda de conversa é mais do que um simples encontro entre pessoas, é um processo de transformação individual e coletivo.

A evolução do indivíduo evolui o coletivo


“Eu já sai, do primeiro encontro, admirando as pessoas. E eu me perguntei: ‘Uau!!! Quem são essas pessoas que já estão compartilhando tantos aprendizados?’ E a cada sessão eu aprendi a ampliar perspectivas. E cada vez que uma pessoa trazia um ponto eu sentia uma explosão! É importante você ter perspectivas diferentes, se afastar do problema e enxergar de outra forma. A cada sessão que eu participava, eu sabia que seria um momento para mim, mas também de muita troca e aprendizado coletivo. Achei tão incrível as trocas que levei essa prática no meu dia a dia.”

Adriana Wendriner

Gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional da GE


Muito tem se falado sobre a implementação de rodas de conversa nas empresas como uma boa prática para o desenvolvimento de uma cultura focada em clima organizacional e inovação. Seria esta prática, a que usa os recursos mais básicos da capacidade humana, a solução para construir um ambiente onde é possível coexistir vulnerabilidade e resultado?


Com muitos anos de prática e testemunhando incontáveis encantamentos dos participantes, ainda assim me pergunto: será que as pessoas conhecem verdadeiramente esta prática?



Fotografia de um grupo de pessoas conversando em círculo, representando uma roda de conversa em uma organização


As afirmações positivas e empolgadas, ditas por quem já participou ou as implementou nas suas empresas, vem acompanhadas de curiosidade e questionamentos por quem desconhece o que é uma roda de conversa. Este nome genérico pode sim gerar mais dúvidas do que esclarecimentos.


Será que é mesmo tão simples? Basta sentar-se em roda e praticar o que todos nós já sabemos fazer: conversar?!


E você? Já implementou na sua empresa ou está no grupo dos curiosos se perguntando: O que é uma roda de conversa dentro da organização? Como funciona? Qual a aplicação? Quais benefícios? Qual a diferença entre roda de conversa e grupo focal? Quais os riscos de implementar uma roda de conversa sem facilitador qualificado? Como implementar?


Essas são algumas perguntas que surgem quando apresentamos esta solução para nossos clientes. Na Eight, chamamos as rodas de conversas de diálogos estruturados em grupo.


O diálogo estruturado em grupo é um espaço acolhedor e seguro, onde os participantes têm a oportunidade de se expressar livremente, independentemente de ser presencialmente ou virtualmente.


Nesses encontros, o equilíbrio entre falar e ouvir é essencial. E para que haja essa troca equilibrada, recomendamos que o número de participantes seja limitado a 15 pessoas. Afinal, o objetivo é oferecer um encontro onde vozes sejam ouvidas e respeitadas, promovendo uma dinâmica de acolhimento, troca e aprendizado individual e coletivo.

No primeiro parágrafo disse que esta prática utiliza os recursos mais básicos da capacidade humana: a habilidade de se comunicar. Porém, nem sempre esta capacidade básica é utilizada na sua máxima potencialidade.


Justamente porque um dos desafios é criar um ambiente seguro e acolhedor que permita que os participantes se sintam confortáveis e confiantes para compartilhar suas experiências, pensamentos e sentimentos mais profundos e autênticos.


Cuidar da ambiência ajuda a fortalecer os laços interpessoais, promove a empatia e a compreensão entre os membros do grupo. Para isso, acordos de funcionamento grupal sustentarão a construção da relação de confiança e possibilitará trocas respeitosas baseadas na confidencialidade.


Incrível é constatar os benefícios do diálogo estruturado em grupo. Para começar, todos os participantes se expressam por meio de uma comunicação mais consciente, utilizando a presença como ancora da conexão. E ao colocar em prática o equilíbrio entre ouvir e falar, os participantes desenvolvem habilidades de uma comunicação mais eficaz, assertiva.


Além disso, as trocas incentivam a reflexão pessoal e o autoconhecimento, pois proporcionam um espaço onde cada participante pode explorar suas próprias ideias e crenças, bem como desafiar e expandir perspectivas, ampliando horizontes na dimensão do pensamento, do sentimento e da ação. Em tempos de hiper estímulos, focar no fortalecimento de habilidades sociais e relacionais é investir em saúde mental


Outro benefício é que ao serem expostos a diferentes perspectivas e experiências de vida, os participantes aprendem a respeitar pontos de vista diferentes dos seus e a valorizar a diversidade de opiniões. Os indivíduos têm a oportunidade de ampliar sua visão de mundo, cultivar a empatia e desenvolver uma mentalidade mais aberta e inclusiva.


Importante dizer que os ganhos dessa prática vão para além da transformação individual dos participantes. Ao se sentirem ouvidos e compreendidos, os indivíduos ganham confiança para expressarem suas ideias e emoções de forma autêntica, o que pode levar ao senso de pertencimento e coletividade, gerando maior comprometimento com os acordos e desafios organizacionais.


É muito especial ver o poder da inteligência coletiva ganhando forma, humanizando as relações. As questões apresentadas pelos participantes já não são individualizadas, elas se tornam de todos. Sendo esta construção de troca, um alicerce para desenvolver times de alta performance e cultura colaborativa.


“O caminho para a inovação e construção de equipes de alta performance passa por desenvolver um ambiente franco, com comunicação direta e pessoas com coragem de tomar riscos e pedir ajuda. Para isso, é necessário confiança.” 

Amy Edmondson


Em linhas gerais, esta foi uma introdução sobre o que é a roda de conversa e seus benefícios. Mas você sabe qual é a diferença entre roda de conversa e grupo focal (focus group)?


Ambos são métodos de interação, porém eles diferem em seus objetivos, estruturas e processos de condução. Veja as principais diferenças neste quadro a seguir:



Roda de Conversa

Grupo Focal

Objetivo

Promover a troca de ideias, experiências e perspectivas entre os participantes desenvolvendo aprendizado individual e coletivo. A roda se inicia com um tema central e objetivos estabelecidos com o grupo. No decorrer do encontro, o tema pode revelar outra questão ainda mais essencial e novos objetivos.

Explorar opiniões, percepções e atitudes sobre um tópico específico. A discussão é guiada em torno de questões predeterminadas para obter insights sobre um tema específico.

Estrutura

Ocorre em um ambiente mais informal, com os participantes sentados em círculo. O facilitador seguirá um fio condutor, mas a conversa pode ser mais livre e espontânea a depender do movimento do grupo. O facilitador manterá o foco acordado pelo grupo ou trará a consciência de que um novo acordo e novos objetivos precisam ser estabelecidos.

Ocorre num ambiente mais formal, os participantes se sentam em formato de plateia ou em “U” e a discussão é moderada e segue uma agenda pré-determinada de tópicos de discussão.

Participantes

A ênfase está em promover um ambiente seguro e de confiança, para que cada indivíduo possa trazer suas considerações de forma autêntica. A diversidade na escolha dos participantes é valorizada pois o objetivo é promover o diálogo aberto e a troca de ideias. O ideal é ter participantes de diferentes origens, áreas, experiências e perspectivas.

Geralmente são selecionados com base em critérios específicos relevantes para o tópico em discussão. É composto por indivíduos que compartilham características comuns que podem influenciar suas opiniões e experiências em relação ao tema em questão.

Análise de Dados

Os registros são feitos, apenas se autorizados pelos participantes. Há dados objetivos (acordos, ações, responsáveis) e dados subjetivos, envolvendo a identificação de temas e padrões emergentes a partir das observações ou registros coletados.

Geralmente os encontros são gravados e transcritos para análise posterior. As respostas dos participantes são categorizadas e analisadas para identificar padrões e tendências relacionadas ao tópico em discussão.



Sendo assim, enquanto a roda de conversa enfatiza a conexão, o diálogo e prioriza a relação entre os participantes, o grupo focal é mais direcionado para explorar opiniões e percepções sobre um tema específico.


Ambos os métodos têm seus usos e podem ser valiosos em diferentes contextos de pesquisa ou interação social. Saber as diferenças e principalmente qual é o resultado esperado a partir de suas aplicações é o ponto de partida para tomada de decisão de qual método utilizar.


Agora que sabemos a diferença entre os dois métodos, você sabia que a roda de conversa pode utilizar diferentes abordagens e o fato de ser facilitada por profissional capacitado a torna ainda mais eficaz?

O papel do facilitador é seguir uma abordagem que possibilita que cada participante expresse o que está vivo em si, unindo os objetivos acordados previamente com o fluxo orgânico coletivo que surge na interação do grupo. Antes de entrar no detalhe do papel do facilitador, vou explicar sobre as abordagens utilizadas pela Eight.


Trabalhamos com três métodos reconhecidos internacionalmente, o Action Learning, o Case Clinic e o Codesenvovimento, além de desenharmos roteiros de diálogos estruturados personalizados, levando em consideração a necessidade do grupo. O método a ser utilizado vai depender muito do objetivo de desenvolvimento daquele grupo.


Se quiser saber mais, acesse o link e conheça em detalhes como funciona cada método!


Falando em objetivos, aqui estão algumas aplicações para os diálogos estruturados em grupo dentro do contexto empresarial:



  1. Resolução de Problemas: usado como uma ferramenta para identificar e resolver problemas dentro da empresa. Os colaboradores podem se reunir em uma roda de conversa para discutir desafios e problemas específicos que estão enfrentando em seus projetos ou departamentos e colaborar na busca de soluções criativas a partir da inteligência coletiva despertada nas trocas entre os participantes.


2. Desenvolvimento de Equipe: utilizado para fortalecer o relacionamento entre os membros da equipe, promovendo um ambiente de trabalho mais colaborativo e inclusivo. Os colaboradores podem compartilhar suas experiências, ideias e preocupações em um ambiente seguro e acolhedor, construindo assim uma maior confiança e coesão dentro da equipe.


3.  Feedback e Melhoria Contínua: pode ser uma maneira eficaz para coletar feedback dos colaboradores sobre diferentes aspectos da empresa, como políticas, processos e clima organizacional. Isso permite que a liderança da empresa identifique áreas de melhoria e implemente mudanças positivas com base no feedback recebido.


4.    Promoção da Inovação: desenvolve espaço para a geração de novas ideias e soluções inovadoras. Ao reunir colaboradores de diferentes áreas e níveis hierárquicos, a empresa pode aproveitar a diversidade de perspectivas e experiências para impulsionar a inovação e o desenvolvimento de novos produtos, serviços ou processos.


5. Desenvolvimento Profissional: pode ser parte de programas de desenvolvimento profissional, permitindo que os colaboradores compartilhem conhecimentos, habilidades e experiências uns com os outros. Isso cria oportunidades para o aprendizado contínuo e o crescimento pessoal e profissional dentro da empresa.


Sendo assim, a versatilidade da sua aplicabilidade é abrangente. Esta solução pode ser aplicada de diferentes maneiras, como um programa de diálogos estruturados em grupo, como parte de uma trilha de desenvolvimento, como parte de um diagnóstico organizacional ou até mesmo para gestão de conflitos, entre outras possibilidades.


Os principais objetivos são:


  • Ajudar o grupo a desenvolver uma relação de confiança entre os membros;

  • Dar maior autonomia ao grupo na busca de soluções para os problemas;

  • Promover uma comunicação consciente e eficaz, sem perder o foco do objetivo principal. E ao criar um ambiente de diálogo aberto e inclusivo, as empresas passam a cultivar uma cultura organizacional mais saudável, produtiva e focada em pessoas e resultados.


“Líderes não cuidam de resultados. Líderes cuidam de pessoas. E pessoas geram resultados”.

Simon Sinek


Por todas estas razões, as rodas de conversas estão sendo tão procuradas e, quando bem implementadas, tendem a ser reconhecidas rapidamente como uma boa prática, inclusive como uma solução inovadora.


Mas qual é o risco de realizar uma roda de conversa sem um facilitador capacitado? 


Nem sempre a boa intenção é suficiente... Abaixo destacamos alguns riscos que comprometem a qualidade e o resultado de uma roda de conversa conduzida sem capacitação, planejamento ou método.


 

 1. Desigualdade de participação: Sem um facilitador para garantir que todos tenham oportunidade de falar, pode ocorrer uma desigualdade na participação, com alguns participantes dominando a conversa enquanto outros permanecem em silêncio. Isso pode prejudicar a dinâmica do grupo e limitar a diversidade de vozes e perspectivas representadas na discussão.


2.  Desvio de tópicos: Sem um facilitador para manter o diálogo focado nos temas relevantes e evitar desvios, pode haver uma tendência para que a discussão se disperse em assuntos não relacionados. Isso pode dificultar a consecução dos objetivos da roda de conversa e reduzir sua eficácia. É muito comum, que neste momento do desfio, reclamações e conflitos tomem o tom da conversa.


3. Conflitos não resolvidos: É natural que conflitos surjam entre os participantes. Sem o facilitador para mediar os conflitos emergentes de forma construtiva, os desentendimentos podem persistir (e até escalar!) e prejudicar a atmosfera de colaboração e respeito mútuo.


4. Falta de direcionamento: A discussão pode perder o foco e se tornar dispersa. Isso pode levar a uma sensação de frustração entre os participantes, que podem sentir que o tempo foi desperdiçado sem alcançar resultados significativos.


5. Falta de síntese e conclusões: Sem um facilitador para ajudar o grupo a resumir e sintetizar os principais pontos discutidos e aprendizados, pode ser difícil para os participantes identificarem conclusões ou ações concretas resultantes da roda de conversa. Isso pode diminuir a sensação de realização e impacto da discussão.


O papel do facilitador pode ser ilustrado como o de um maestro, que ajuda os músicos de uma orquestra com o ritmo e a harmonia. Há uma certa transparência neste papel, afinal, o grupo é o protagonista na construção de um diálogo produtivo e equilibrado, baseado nos objetivos estabelecidos e acordados pelo próprio grupo.


Exercer esta transparência requer algumas competências que um método ou uma capacitação específica vão facilitar bastante a execução desta responsabilidade.


Em resumo, as rodas de conversa merecem sim todos os créditos e reconhecimento. Afinal, o diálogo estruturado em grupo é uma poderosa prática de transformação. A evolução do indivíduo, evolui o coletivo!


“O princípio do diálogo é ouvir para entender. Temos de entender as outras pessoas, compreender seus olhares e pareceres sobre o mundo. Para que também possam nos ouvir e compreender. Assim, em respeito e com dignidade, poderemos juntos fazer o bem a todos os seres.”

Monja Coen


E agora, como implementar? Podemos te ajudar neste processo! Se quiser saber como trazer esta prática para a sua empresa, entre em contato conosco. Leve esta solução para sua empresa ou, se quiser, seja um facilitador em diálogos estruturados de grupo, podemos capacitar você, sua liderança ou os profissionais de Recursos Humanos. Vem com a gente!


 

Este artigo foi escrito por Karina Colpaert, psicóloga, mediadora de conflitos e facilitadora de diálogos estruturados.  É realizada por usar seus conhecimentos como instrumento da ampliação da consciência a serviço do desenvolvimento humano, testemunhando que os diálogos transformam pessoas, grupos e organizações. E mais feliz ainda de praticar seus conhecimentos nas suas relações pessoais, tem filhos adolescentes e praticar a comunicação consciente com eles te ajuda a desenvolver continuamente uma relação de conexão e muito aprendizado com o Pedro e com o Guilherme.

 

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